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RJ tem média de 4 a 5 PMs afastados por problemas psiquiátricos por dia

Segundo relatos, PMs que tentaram suicídio entraram nas favelas durante confronto sem colete; Estado tem 93 psicólogos para atender 92 cidades
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Com um efetivo de aproximadamente 43.950 policiais militares, o estado do Rio de Janeiro possui apenas dois psiquiatras e 93 psicólogos para atender a corporação, média de um psicólogo por município. Segundo o coronel Fábio Cajueiro, presidente de análise de vitimização da Polícia Militar, de quatro a cinco agentes de segurança pública são afastados por problemas psiquiátricos no Rio de Janeiro.

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Somente em 2018, os profissionais realizaram cerca de 30 mil atendimentos, e segundo ele, cada psicólogo consegue evitar que cerca de três PMs cometam suicídio.

De acordo com o tenente coronel psicólogo Fernando Derenusson, a PM conta com um déficit de 30 psicólogos e 18 psiquiatras.

“Nós operamos de maneira suficiente na região metropolitana do Estado, mas acabamos perdendo cobertura no interior. Por isso é importante ter mais psicólogos e psiquiatras para atender não só os policiais, mas as famílias desses agentes”, diz Fernando.

Sem colete

Segundo a especialista Dayse Miranda, coordenadora do Gersp (Grupo de Estduos e Pesquisas em Suicídio e Prevenção), o número de policiais que cometem suicídios pode ser ainda maior. De acordo com ela, alguns PMs que tentaram suicídio, relataram entrar em favelas durante confrontos sem colete à prova de balas.

“Estamos mapeando os dados de suicídio desde 2009 e sabemos que as instituições policiais não têm um trabalho de coleta sistemática, por isso acreditamos na subnotificação desses dados. O suicídio de policiais tem uma característica bem específica. Muitos agentes que tentaram suicídio relataram que entraram nas favelas sem colete para não ter a sua morte registrada como suicídio. Esses casos existem aos montes e, por isso, a dificuldade em dar de forma assertiva essas estatísticas”, disse Dayse.

Combate ao suicídio

A Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) aprovou no último dia 26 o projeto de Lei 1.183/19, que cria um programa de combate ao suicídio e sofrimento psíquico de agentes de segurança. O texto seguiu para a aprovação ou veto do governador Wilson Witzel (PSC-RJ).

 

“É expressiva a quantidade de agentes com sérios problemas psicológicos, como crise de ansiedade e depressão. Queremos com esse projeto que o estado passe a ser responsabilizado pela morte desses policiais, já que entendemos que esse é o resultado de uma segurança pública firmada no confronto e na guerra”, disse a deputada Renata Souza (PSOL-RJ), autora da proposta.

Segundo dados do Relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de policiais que cometeram suicídio no Brasil em 2018, 104 ao todo, foi o maior que a quantidade de PMs que morreu em decorrência do confronto nas ruas (87).

 

R7

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