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Moradores da Providência denunciam à Comissão Especial de Enfrentamento à Miséria da Alerj a continuidade da violência policial em plena pandemia

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Moradores da Providência denunciam à Comissão Especial de Enfrentamento à Miséria da Alerj a continuidade da violência policial em plena pandemia

As paredes das casas não deixam mentir. Nas fachadas, os buracos de balas em profusão denunciam uma realidade típica de territórios em guerra em plena região central do Rio. Em visita ao Morro da Providência nesta segunda-feira (28/6), a deputada estadual Renata Souza, presidente da Comissão Especial de Enfrentamento à Miséria da Alerj, ouviu vários relatos de moradores da favela mais antiga da cidade, que é área de UPP, sobre a intensificação da ação violenta da polícia durante a pandemia de Covid-19, apesar da decisão do STF em contrário.

Além da violação de direitos humanos representada pela sistemática violência policial, Renata Souza verificou que a comunidade se ressente da falta de infraestrutura e de políticas públicas. Há falta de escolas e de creches, e uma que havia, inclusive, virou a sede da UPP local. Também não há áreas de lazer para as crianças e adolescentes. E não há ainda clínica do Programa Saúde da Famílias em localidades como a King Kong e Pedra Lisa.

Embora localizada numa área central, a favela em algumas localidades sofre com a falta de saneamento adequado, como na Nabuco de Freitas. Quando chove, há enchentes nas partes baixas do morro. O esgoto brota das galerias e entra dentro das casas. Na comunidade King Kong, por exemplo, a condição das moradias é precária, com as casas sem reboco, muito coladas umas nas outras e com baixa circulação de ar, além das dificuldades no abastecimento de água e do risco de contaminação da água pelo esgoto, já que os canos correm junto um do outro nos mesmos dutos. Outro problema encontrado se refere ao insuficiente serviço de limpeza urbana. Não há coleta de resíduos à altura da demanda, principalmente nas partes mais altas, onde o caminhão da Comlurb não sobe, e não há mais garis comunitários.

A crise econômica agrava a condição de vida das famílias, parte delas sem qualquer renda além do bolsa família. Diminui até mesmo a demanda interna por prestação de serviços, que antes garantia a existência de algum fluxo de renda internamente. O impacto do desemprego afeta principalmente a população das áreas mais próximas da Central do Brasil. A redução do valor do auxílio emergencial impactou na condição ainda mais precária de vida da população.

“Viemos à Providência por demanda da própria comunidade, por meio de movimentos locais da juventude negra engajada nas ações solidárias durante a pandemia. Encontramos aqui mais uma vez a violência do Estado como expressão da pobreza. Quando será que os governos vão entender que a realidade da favela não será superada com tiros de fuzil? Sobram balas, jovens morrem, mas a escassez de políticas públicas não se resolve. Não faz sentido, por exemplo, faltar escola, creche e posto de saúde e terem gastado milhões e removido diversas famílias para instalar um teleférico que não funciona há mais de dois anos”, disse a deputada Renata Souza depois de percorrer diversas comunidades do morro e de encerrar a visita com um encontro na Casa Amarela com os ativistas locais. A parlamentar se comprometeu em contribuir para promover o acesso da população local ao auxílio do programa Supera Rio.

Essa foi a oitava visita técnica da Comissão Especial de Enfrentamento à Miséria da Alerj.