Família cobra MP por lentidão nas investigações da morte de Kathlen Romeu
Questionado, promotor argumenta com necessidade de respaldar com provas denúncia contra policiais
OMinistério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) recebeu, na manhã desta sexta-feira (08/04), familiares de Kathlen de Oliveira Romeu, jovem morta no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio, durante incursão policial ocorrida no dia 8 de junho do ano passado. Acompanhados de representantes da Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro (OAB-RJ) e da Defensoria Pública do Estado (DPERJ), eles foram recebidos pelas procuradoras de Justiça Patrícia Leite Carvão, coordenadora-geral de Promoção da Dignidade da Pessoa Humana (COGEPDPH/MPRJ); e Eliane de Lima Pereira, coordenadora de Direitos Humanos e Minorias (CDHM/MPRJ); pelo procurador de Justiça Augusto Vianna, ouvidor da instituição; e pela promotora Adriana Lucas, coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Investigação Penal (CAO Investigação Penal/MPRJ). Os familiares receberam informações atualizadas sobre as investigações, que seguem em curso, e sob sigilo, sob a responsabilidade do MP fluminense e da Polícia Civil, por meio da Delegacia de Homicídios.
A reunião ocorreu após manifestação em frente à sede do MPRJ, no Centro do Rio, na qual familiares cobraram informações sobre o caso, que completa dez meses, e questionaram a atuação do promotor natural, responsável pelas investigações. Por meio de nota, o promotor Alexandre Murilo Graça, titular da 4ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro, afirmou compreender o sentimento de dor de uma família que perdeu sua filha durante operação policial. Reafirmou seu compromisso em elucidar o caso e esclareceu que, para que a denúncia contra os policiais que efetuaram os disparos seja oferecida, é preciso concluir a colheita de todas as provas. Neste sentido, pontuou o promotor, a apresentação de uma inicial acusatória mal instruída, isto é, não completa, traz prejuízos não só para as partes, mas também para toda a sociedade, em sua busca por Justiça.
Foram recebidos no MPRJ Jacklline de Oliveira Lopes, Luciano dos Santos Gonçalves (mãe e pai de Kathlen) e Marcelo Ramos Silva, seu noivo e pai do filho que a jovem esperava, além da avó de Kathlen, Sayonara Fátima, que acompanhava a neta na comunidade, no momento em que foi alvejada. Também participaram da reunião Rodrigo Mondego, procurador da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da OAB-RJ e vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos do RJ; Guilherme Pimentel, ouvidor da DPERJ; a deputada estadual Renata Souza e a vereadora Thais Ferreira, presidente da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da Câmara do Rio. Os promotores e procuradores de Justiça presentes reafirmaram o máximo empenho da instituição para garantir o desfecho do caso.
Vale lembrar que o caso de Kathlen exigiu a atuação de duas Promotorias de Justiça com atribuição. Além das investigações que constam do inquérito policial instaurado para apurar o crime de homicídio praticado por intervenção policial que vitimou a jovem, houve atuação no inquérito policial militar instaurado para apurar a prática de crimes militares ocorridos na mesma ação. Nesta segunda linha de investigação, o MPRJ, por meio da 2ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria da Justiça Militar, já denunciou, no dia 13 de dezembro de 2021, o capitão da PM Jeanderson Corrêa Sodré, o 3°sargento Rafael Chaves de Oliveira e os cabos da PM Rodrigo Correia de Frias, Cláudio da Silva Scanfela e Marcos da Silva Salviano, por fraude processual, por terem modificado a cena do crime.
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