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Auxílio emergencial do governo ainda não resolve alimentação dos cariocas

Segundo o Dieese, gasto estimado em alimentação básica no Estado do Rio foi estimado em R$ 505,55. Valor aprovado por Bolsonaro é de R$ 600
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Rio - O governo federal aprovou, nesta semana, o auxílio emergencial de R$ 600 para diminuir o impacto causado pela pandemia do novo coronavírus na renda de trabalhadores informais. No entanto, uma pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que o gasto com alimentação básica no Estado do Rio foi estimado em R$ 505,55. O DIA entrou em contato com trabalhadores informais que relataram as dificuldades diante da ausência de trabalho e com os demais gastos durante a crise da covid-19. Sabendo dos problemas dos cariocas, a deputada estadual Renata Souza (PSol) propôs uma lei que pede que o Governo do Rio complemente o auxílio federal com mais R$ 150, o equivalente ao valor de duas cestas básicas.

Para Leila de Oliveira, moradora da Pavuna e desempregada, a dificuldade é enorme diante do custo de vida na capital. "O custo de vida no Rio é muito alto, a gente tem que morar, se medicar e comer. Infelizmente, vamos ter que escolher dentre eles. A gente não tem recurso básico, saneamento, moradia. Esse auxílio viria pra complementar nos alimentos e medicamentos. Eu tenho cinco filhos, três moram comigo, a vida da gente é uma luta constante, com a pandemia a situação ficou muito mais caótica. Os trabalhos informais que poderíamos fazer, como vender uma bala, não estamos podendo. Gera um desequilíbrio emocional, a gente não sabe se vai poder comer", relatou.
Sobre o projeto complementar, Renata Souza informou que se trata de um complemento emergencial da renda básica para atender, principalmente, a população com maior vulnerabilidade. "Quando a gente compara em termos de Brasil, o Rio tem uma das capitais mais caras do nosso país. Para se ter uma ideia, o aluguel chega a custar a média de 50% da renda familiar. Isso é muito alto. Então, quando a gente apresenta um projeto que possa estabelecer um complemento ao auxílio emergencial da renda básica, é justamente atendendo uma necessidade muito específica da população com maior vulnerabilidade, que paga aluguel, que é pobre ou está na extrema pobreza. A gente está destinando um fundo estadual de combate à pobreza e desigualdades sociais para que essas despesas ocasionadas por esse complemento possa ser uma política eficaz no estado", contou a parlamentar.
A microempreendedora individual (Mei) Mônica Cândido, que atua em uma ONG da Maré, informou que o complemento seria essencial diante da incerteza de trabalho. "Sou Mei e trabalho para uma ONG, as necessidades são diversas, mas o que mais me tira o sono é o medo de passar fome. Esses R$ 600 reais não resolve o problema, apesar de ajudar. No entanto, somando com esses R$ 150 proposto pela Renata seria ótimo. Esse mês de Março eu recebi, mas abril é incerto. Sou mãe, tenho dois filhos, o pior é a incerteza, o medo de passar necessidade".

Questionada como tem feito para se manter enquanto o auxílio não é liberado (a aprovação de Jair Bolsonaro foi publicada no Diário Oficial da União nesta quinta-feira), Mônica relata a solidariedade dos moradores da Maré: "Meu esposo trabalha e consigo fazer algumas coisas de casa, mas a gente conta com a solidariedade, os vizinhos ajudam mesmo nesse momento triste, as pessoas pessoas ajudam bastante, vejo mães solteiras passando necessidade e é triste".

O benefício federal será repassado por três meses e será pago em dobro para mulheres chefes de família (R$ 1,2 mil) e limitado a duas pessoas da mesma família. Junto com a sanção da lei que cria a ajuda, o presidente Jair Bolsonaro editou uma Medida Provisória (MP) que abre crédito extra de R$ 98,2 bilhões ao Ministério da Cidadania para pagar o benefício. A medida tem vigência imediata mas precisa ser aprovada pelo Congresso em até 120 dias. Os recursos, segundo o texto da MP, virão do cancelamento dos serviços da dívida pública federal interna.

Jornal O Dia

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