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Alerj não prevê medidas para apurar irregularidades que levaram à prisão de ex-secretário

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Alerj não prevê medidas para apurar irregularidades que levaram à prisão de ex-secretário

O presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano (PT) disse que os deputados da Casa vão acompanhar as investigações que resultaram na prisão do ex-secretário de Administração Penitenciária, Raphael Montenegro. Porém, não prometeu nenhuma medida efetiva para apurar as irregularidades cometidas pelo ex-secretário e seus assessores próximos. Montenegro e mais dois ex-subsecretários foram presos na terça-feira durante ação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Segundo a PF, Montenegro fazia acordos com criminosos de alta periculosidade para o retorno ao Rio em troca de uma trégua dentro das cadeias fluminenses e no estado.

— A Assembleia vai participar, vai acompanhar as investigações com a nossa Comissão de Segurança Pública, nossa comissão permanente. Mas (o caso) está mais afeito ao Executivo, porque é um secretário que representa o Executivo— disse Ceciliano em entrevista ao RJ2, da TV Globo, acrescentando não ser caso para abertura de CPI.

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Indagado pela reportagem se vai chamar alguma autoridade para prestar esclarecimentos, o presidente da Comissão de Segurança Pública, delegado Carlos Augusto (PSD) disse que vai colocar o assunto em pauta na próxima reunião, para saber o que fazer. A prisão do ex-secretário foi recebida com perplexidade por alguns parlamentares.

— Vi com assombro e achei que a resposta do governador não foi a contento. Imaginar que o governador diz que não vai dialogar com ninguém e dar como exemplo a chacina do Jacarezinho é escandaloso. A gente não tem hoje no estado do Rio de Janeiro uma política de Segurança Pública pautável. Não tem a vontade do próprio governo de exercer o controle externo da atividade policial. Essa autonomia dadas às polícias do Rio de Janeiro já está custando caro demais para uma política pública que sequer existe no estado — criticou a deputada Renata Souza (PSOL).

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A deputada Martha Rocha (PDT) disse que ficou surpresa com a prisão do ex-secretário. Para a parlamentar faltou respeito à população e às leis:

— Qualquer pessoa vai ter um sentimento de decepção e falta de respeito. Isso é inevitável Faltou respeito a tudo, com a população, com as leis e com qualquer coisa nesse sentido. A Assembleia inteira ficou surpresa e também indignada. A indignação também faz parte desse sentimento. Jamais a gente poderia imaginar esse tipo de situação. Não restava ao governador outra coisa a não ser tomar a atitude de dispensá-lo e de manifestar que não aceita acordo. É o mínimo que as pessoas podiam esperar dele.

O deputado Luiz Paulo (Cidadania) disse que acompanha a notícia da prisão com perplexidade. Na sua opinião ,o ex-secretário violou todas as condutas que se espera de um agente público, principalmente na área da segurança, que é o respeito às leis.

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— Achei algo absolutamente inacreditável e inadmissível, que evidentemente estava devidamente sendo investigado com toda correção pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal. A perplexidade é pela notícia, mas o contexto é inadmissível. Evidentemente é objeto das investigações que revelaram esses fatos e acredito que terá desdobramentos, que ainda não sei quais. Todas aquelas condutas são vedadas ao agente público, que na área da segurança tem que zelar e trabalhar de acordo com a lei que determina que mocinho é mocinho e bandido é bandido. O agente público não negocia com bandido. Parece que o Rio de Janeiro tem uma maldição de mau comportamento generalizado. Esses acontecimentos se repetem sucessivamente. Por consequência, tem que ter muita vigilância, controle e fiscalização para os governantes e gestores entenderem o que é república na acepção da palavra e trabalhar dentro da lei, respeitando a coisa pública.

O ex-secretário da Seap, Raphael Montenegro e dois ex-subsecretários são acusados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal de associação ao tráfico e, no caso do ex-secretário, que é advogado, de falsidade ideológica e captação de clientes. Em 27 e 28 de maio, os três visitaram 10 dos chefes da mais importante facção criminosa do Rio no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Durante a passagem deles na unidade federal, as conversas com os detentos foram gravadas por meio de escuta ambiental, autorizada pela Justiça. De acordo com as investigações, Montenegro fazia acordos com criminosos de alta periculosidade para o retorno ao Rio em troca de uma trégua dentro das cadeias fluminenses e no estado.

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