Vídeo mostra policial atirando contra moradores da Vila Cruzeiro
Imagens foram feitas por assessor parlamentar, que afirma que o grupo estava cuidando de um corpo com sinais de execução. Projéteis eram munição não letal, segundo perito. Chacina deixou 23 mortos em comunidade
Um vídeo gravado por volta das 12h de terça-feira (24) pelo assessor parlamentar Thainã Medeiros mostra um policial militar efetuando um disparo contra um grupo de moradores da Vila Cruzeiro, no bairro da Penha, no Rio de Janeiro. Segundo Medeiros, eles estavam fazendo a vigília do corpo de uma das 23 pessoas que morreram na segunda operação policial mais letal da história do Rio, equiparando-se à chacina da Vila Operária em Duque de Caxias, em 1998, e ficando atrás apenas do massacre de Jacarezinho, que acabou com 28 mortes em maio de 2021. Um perito ouvido pelo portal G1 afirma que o disparo mostrado no vídeo foi feito com munição não letal.
Medeiros, que estava junto com o grupo de aproximadamente 30 moradores, disse ao G1 que conseguiu fazer o vídeo porque os policiais não perceberam que ele estava filmando a cena. De acordo com o assessor, que trabalha no gabinete da deputada estadual Renata Souza (PSOL), eles estavam tomando conta do corpo, que tinha indícios que apontavam para uma execução, e aguardavam a chegada da Defensoria Pública. Momentos depois, a mãe da vítima apareceu e teria decidido levar o corpo.
Segundo o perito Nelson Massini, professor de Medicina Legal da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), ouvido pelo G1, a arma empunhada pelo policial militar que aparece no vídeo é um lançador de munição não letal. Antes do disparo, houve uma discussão entre os moradores e os agentes de segurança. A Defensoria Pública do Rio afirmou ao G1 que vai analisar as imagens.
A operação começou na madrugada de terça e foi realizada de forma conjunta pelo Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio) e pela Polícia Rodoviária Federal. Segundo a PM, o objetivo era prender chefes do Comando Vermelho escondidos na Vila Cruzeiro, e oficiais que participavam da ação foram atacados a tiros. Até quarta-feira (25) houve confirmação de 25 mortes na chacina.
O ministro do Supremo Tribunal Edson Fachin teve uma conversa com o procurador de Justiça do Rio de Janeiro, Luciano de Oliveira Mattos de Souza, na qual expressou "muita preocupação com a notícia de mais uma ação policial com índice tão alto de letalidade". Ele foi relator na decisão que determinou que o governo do Rio de Janeiro elabore um plano para diminuir a letalidade policial.
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