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Flup: 12ª edição dá destaque para campeonato nacional de slam e traz haitiana Yanick Lahens

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Flup: 12ª edição dá destaque para campeonato nacional de slam e traz haitiana Yanick Lahens

De segunda-feira a domingo, a literatura de autores contemporâneos, como Geovani Martins, Conceição Evaristo e a haitiana Yanick Lahens, a poesia falada dos slams e os jogos da Copa do Mundo do Catar vão se encontrar no Centro de Artes da Maré, no Rio. Esta mistura vibrante de cultura e futebol faz parte da 12ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup).

Com Lima Barreto como homenageado, o evento traz, pela primeira vez no Rio — e numa primeira edição desde o início do isolamento social imposto pela pandemia —, o Slam BR, campeonato brasileiro de poesia falada que é sucesso nas periferias do país inteiro. Jovens poetas apresentam suas criações no palco, em performances com total interação do público, subvertendo a lógica da poesia solitária.

— A poesia brasileira é de Carlos Drummond de Andrade, de João Cabral de Mello Neto, de Cecília Meirelles. Sempre houve um endereço muito preciso. Mesmo quando ela foi rejuvenescida, nunca houve protagonismo de um público periférico negro — diz Julio Ludemir, organizador da Flup. — Nós vemos amadurecer, no entorno do slam, as primeiras gerações de poetas negras periféricas da história do brasil que se organizaram publicamente. Desde a primeira vez que eu vi, foi uma comoção, foi uma experiência semelhante à de alguém que viveu nas arquibancadas do Maracanã. Aquela vibração, aquela sinergia, entre o que está acontecendo na plateia e no palco, é determinante para toda uma produção poética.

Com oitavas de final e quartas de final da Copa durante os dias do evento, a organização resolveu turbinar a festa com uma espécie de “Flup Fun Fest”.

— Em vez de disputar com essa ação imbatível que se chama Copa do Mundo, vamos convocar a população para assistir aos jogos no telão, principalmente na segunda-feira (Brasil x Coreia do Sul, às 16h) — diz Julio. — Vai ser uma experiência de jogos e celebração em torno de performances artísticas e expressões populares, tipo baile funk, roda de samba.

Yanick Lahens, escritora do Haiti que vem para Flup — Foto: Iris Gene Lahens

Fora dos slams e jogos, a programação de mesas tem destaque para o encontro entre as escritoras Conceição Evaristo e a haitiana Yanick Lahens, na quarta-feira, às 16h30, na mesa “Diário íntimo: quando escrita de si traduz o mundo”. Na quinta-feira, também 16h30, Geovani Martins e Jessé Andarilho se encontram em “Cemitério dos vivos: variações sobre a necropolítica”. No domingo, Marcelino Freire e Luna Vitrolira participam da mesa “Miró da Muribeca: por uma poesia maloqueira”, e Marilene Felinto e Audrey Pulvar se juntam em “Clara dos Anjos: nós não sabíamos que o nome disso é abuso”. Para fechar a Flup, Anielle Franco, Renata Souza e Fernanda Viana debatem em “Combinamos de não morrer”, com sessão de autógrafos de “Minha irmã e eu”, de Anielle Franco, na sequência.

Programação no Mar

Antes de a festa começar na Maré, o Museu de Arte do Rio recebe, amanhã, o “Dia de escuta”, um evento pré-Flup que recebe mulheres para debater a temática relacionada a abuso e assédio. A programação começa às 10h e vai até 20h, com palestras, microfone aberto para compartilhamento de vivências e exibição do documentário “Precisamos falar de assédio”, de Paula Sacchetta.

O Globo