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Expectativa de vida na Maré é de 74, mas média das mortes é de 24 anos, diz relatório

Boletim da ONG Redes da Maré chama a atenção para quadro de violações que atingem mais de 140 mil moradores da região
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Mobilização

A coordenadora do eixo de segurança pública e acesso à justiça da Redes da Maré, Lidiane Malanquini, atribuiu os índices à mobilização dos moradores e das instituições locais que convergiu na Ação Civil Pública (ACP) do Conjunto de Favelas da Maré. A ação foi um instrumento jurídico feito pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, com base em relatos e informações cedidas por moradores e organizações do complexo.

"A gente tem um processo de mobilização comunitária muito forte na Maré, os moradores e as instituições locais são protagonistas das suas histórias. A comunidade se mobiliza para pensar segurança pública não só na perspectiva de denunciar, mas também sobre como criamos estratégias e soluções para o tema. A Ação Civil Pública, por exemplo, foi fundamental nesse processo", contou Malanquini.

A ACP denunciou graves violações de direitos que acontecem nos dias de operação policial. O poder Judiciário concedeu liminar em junho de 2017 determinando que uma série de medidas fossem adotadas para garantir o direito de moradores da Maré. Uma das medidas foi a solicitação de um plano de redução de danos e riscos durante as operações policiais. Um gráfico apresentado no Boletim revela que a ACP foi um ponto de virada em fatores relacionados à segurança local.

O ouvidor geral da Defensoria Pública, Pedro Strozenberg, ressaltou a importância de diminuir ainda outros fatores, como a invasão de casas por agentes do estado. "O drama das mortes é a questão mais limítrofe. Mas há outros direitos que precisam ser respeitados", declarou. Para ele, a situação que ainda é grave é resultado de uma lógica própria para territórios de favela. "Temos governantes que apostam nas armas e não na educação e cultura para lidar com esses locais", afirmou.

No evento também estava presente Bruna da Silva, moradora da Maré e mãe do menino Marcos Vinícius, de 14 anos, morto no caminho da escola em uma operação policial no dia 20 de junho do ano passado. Para ela, esses relatórios são uma grande arma a favor da população. "A gente se articula da melhor maneira possível. Num espaço como esse vemos que não estamos sozinhos e que a nossa comunidade tem voz", concluiu.

Brasil de Fato

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