Chacina do Jacarezinho: um ano para não comemorar
No momento da operação que tinha como alvo o preto e favelado morador de favela, havia um decreto que proibia operações polícias nas comunidades durante a pandemia. Em entrevista para o Voz das Comunidades, o advogado e coordenador do Instituto de Defesa da População Negra, Joel Luiz Costa, a situação demonstra que as vidas e corpos negros não são dignos de um retorno da Justiça Brasileira. O advogado que mora no Jacarezinho, desempenha a defesa das famílias atingidas pela chacina. “Você vê que não há qualquer movimentação do Estado do Rio de Janeiro nesse sentido de conclusão do inquérito, nem me parece que terá”, diz.
De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, 75% dos massacres ocorridos na região metropolitana do Rio, tem como responsável a polícia, e 195 civis foram mortos ano passado. Já os dados levantados pelo Monitor da Violência, em parceria entre Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mais de 6 mil pessoas foram mortas pela polícia no Brasil em 2021. “Isso demonstra o fracasso do Estado em assegurar o direito à vida. O Rio teve alta de 9% no número de mortes cometidas por policiais. Foram mais de 1,3 mil assassinatos: a cada 10 pessoas mortas, 2 foram no Rio”, publicou a deputada Renata Souza em sua rede social.
Na ocasião, a Polícia Civil negou ter havido irregularidades na operação e defendeu que os polícias agiram em legitima defesa, mesmo após vazar vídeos que provam o contrário. E o Governador Cláudio Castro disse que a operação foi um sucesso.
Infelizmente em 2021 o Jacarezinho não foi o único alvo de chacinas no Estado do Rio, isso porque aconteceram também em outras comunidades, um exemplo é a comunidade do Salgueiro, localizada em São Gonçalo, e foi alvo de uma operação com alto número de mortes realizada pela Polícia Militar e o BOPE – Batalhão de Operações Especiais.
Mesmo após a chacina, a comunidade do Jacarezinho continua sendo alvo de crimes e invasões policiais, moradores denunciam que até suas casas tem sido invadidas e seus pertences estão sendo furtados. No dia 25 de abril, um jovem de 18 anos foi assassinado na comunidade, Jonatan Riberio de Almeida foi baleado no peito, e os polícias confessaram que não houve troca de tiros. E segundo a mãe da vítima, os policias que ocupam a comunidade pelo Projeto Cidade Integrada, negaram socorro.